Uma pequena pausa na série sobre a "cola" para postar uma pequena provocação...
Com o sucateamento da escola pública nas últimas três décadas, o número de escolas privadas aumentou vertiginosamente, tanto no ensino fundamental e médio quanto no ensino superior; tendo este último apresentado um crescimento de 50% na década de 90, segundo o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).
Enquanto a escola pública de níveis fundamental e médio restou aos pobres, a classe média migrou em massa para a rede privada nesse segmento de ensino. Somente no ensino superior é que o panorama é um pouco diferente, já que as universidades particulares abrigam na sua maioria a classe média baixa e o operariado, e as universidades públicas continuam sendo eminentemente elitistas.
Esse movimento de migração para as particulares criou um novo paradigma no ensino: a "escola-produto". Essa nova escola, consumível e descartável, como qualquer mercadoria de shopping center, tanto incorporou em si alguns elementos de gestão típicos da empresa privada, e escassos nos segmentos públicos, como a exigência de um "padrão de qualidade de atendimento voltado à satisfação do cliente", quanto alguns elementos estranhos à pedagogia das escolas de outrora, como a figura do "professor-produto".
Entendemos aqui o termo "professor-produto" como aquele que deve satisfazer às exigências de sua clientela - os alunos - como pressuposto mais importante para o exercício de sua função do que os pressupostos de competência pedagógica e domínio de sua área. Assim, tanto se viu surgirem professores show-men, que cantam fórmulas e tocam violão em aulas de matemática, quanto insurgirem outros que não conseguem ver no aluno apenas um "cliente" a ser satisfeito e nem na escola um balcão de ofertas pedagógicas.
Professores que antes eram avaliados por sua formação acadêmica e pelo domínio em sua área de conhecimento, agora se viram repentinamente avaliados por "ibopes" levantados diretamente com os alunos. Ibope baixo é demissão certa. Alunos que antes "aprendiam" passivamente e eram obrigados a se adaptarem aos seus professores viram-se, de repente, no controle da situação e, armados de frases como "sou eu quem pago seu salário", passaram a ditar novas normas de relacionamento e até mesmo avaliarem a "didática" de seus professores ou a qualidade do conteúdo que aprendem na escola.
Para alguns essa situação representa uma inversão de valores, onde o processo de ensino-aprendizagem perdeu seu rumo e a escola passou a ser apenas mais uma lojinha de shopping onde se compra algum tipo de satisfação imediata. Para outros a escola se "profissionalizou" e incorporou novas práticas de gestão democrática. Para quem vê o Brasil "de fora", no entanto, continuamos apenas sendo o rodapé de todas as avaliações internacionais que medem a qualidade do ensino.
Todo ano, toda escola, todo mês, toda classe, todo dia, todo aluno, tudo muda o tempo todo. E se não mudarmos também, se não acompanharmos as mudanças e nos inserirmos nelas, o mundo nos mudará assim mesmo e nos tornará ultrapassados e obsoletos. É nesse mundo sempre novo e diferente, onde os problemas já não podem ser apenas obstáculos a nos deterem, mas antes de tudo desafios a serem superados, em que ensinar passa a ser uma arte: a arte de estar sempre aprendendo.
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